Investigados por traficar medicamentos e vender 'assessoria' para abortos em grupos na internet são alvos da polícia
08/12/2025
(Foto: Reprodução) Investigados por traficar medicamentos e vender 'assessoria' para abortos em grupos na internet são alvos da polícia
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Civil faz operação, nesta segunda-feira (8), em cidades de sete estados do Brasil contra pessoas suspeitas de traficar medicamentos para aborto em grupos criados em redes sociais na internet. Além da venda, elas também são investigadas por oferecer "assessoramento técnico" para o procedimento.
Três pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas – uma delas estava em posse de medicamento para aborto.
O caso foi descoberto depois que uma mulher de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, comprou o remédio e contratou o serviço, mas, sem orientação, passou mal e precisou ser hospitalizada (saiba mais abaixo).
As ações da polícia do Rio Grande do Sul ocorrem nos seguintes locais:
Paraíba: João Pessoa
Goiás: Goiânia e Valparaíso
Rio de Janeiro: Nova Iguaçu
Espírito Santo: Aracruz
Bahia: Irecê e Itaguaçu
Minas Gerais: Santos Dumont
Brasília: Distrito Federal
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De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa é especializada no tráfico de diferentes medicamentos controlados, com destaque para o Cytotec (Misoprostol), substância utilizada ilegalmente para a prática de aborto.
O "assessoramento técnico" se referia a orientações e suporte às usuárias quanto ao modo de administração do fármaco durante o procedimento abortivo.
Conforme a delegada Karoline Calegari, responsável pela investigação, mais de 250 mulheres faziam parte do grupo, sugerindo "que o lucro obtido pelo grupo possa ser expressivo".
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Descoberta do esquema
Em abril deste ano, uma mulher de Guaíba deu entrada em um hospital após passar mal e sofreu um aborto. A equipe médica suspeitou do caso e acionou a Polícia Civil, que começou a investigar.
A mulher, ao prestar depoimento à polícia, contou que havia ingerido misoprostol e que comprou o medicamento pela internet. Além disso, que havia contratado os serviços de "assessoramento técnico" para o aborto, que foi feito de forma remota. No entanto, a pessoa responsável pelas orientações teria parado de responder às mensagens e, devido às dores que a mulher sentia, decidiu procurar atendimento médico.
A mulher disse que, quando soube da gravidez indesejada, começou a fazer pesquisas pela internet e foi abordada por uma pessoa que informou conhecer "profissionais que poderiam ajudá-la com segurança a interromper a gestação".
Por meio do número de telefone informado, entrou em contato com uma pessoa que disse que trabalhava "ajudando mulheres a interromper gestações indesejadas". Ela informou a tabela de preços do medicamento e repassou orientações de uso. Quando aceitou fazer os pagamentos, a mulher foi adicionada a um grupo de WhatsApp onde mulheres compartilhavam suas experiências após o procedimento.
Investigados por traficar medicamentos e vender 'assessoria' para abortos em grupos na internet são alvos da polícia
Polícia Civil/Divulgação
Administradores do grupo descobertos
Ao longo da investigação, a Polícia Civil identificou os administradores do grupo, que eram os únicos autorizados a realizar a venda do produto Cytotec e acompanhar o procedimento abortivo. Eles residem nos estados da Paraíba, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e no Distrito Federal.
Agora, a Polícia Civil busca esclarecer a participação de cada uma dessas pessoas no esquema, bem como entender como funciona a dinâmica da organização e apurar de onde o medicamento é desviado, "já que se trata de droga de uso controlado, que só pode ser ministrada em hospitais, sendo vedada a comercialização em farmácia e afins".
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